quarta-feira, 22 de março de 2017

Crítica: Logan . 2017


Praticamente desde o inicio da sua carreira cinematográfica que Hugh Jackman é Wolverine. Vê-lo abandonar esse percurso é extremamente doloroso, sendo esta infelizmente última experiência de Jackman no papel, um dos mais interessantes e complexos personagens de BD de sempre. James Mangold realiza e co-escreve esta viagem com uma grandiosidade emocional quase nunca vista antes num filme do género.

Em 2029, o futuro não é assim tão diferente quanto imaginamos. O mundo continua tal e qual como o conhecemos, à excepção do número de mutantes existentes. Logan aka Wolverine (Hugh Jackman) ganha a vida como motorista no Texas, é agora uma figura muito mais amargurada do que aquela que nos acostumamos e aguenta o dia-a-dia a beber para atenuar a dor dos tormentos do passado. Apesar de viver uma vida bastante discreta, ao lado do seu velho amigo de longa data Charles Xavier (Patrick Stewart), Logan é descoberto por Donald Pierce (Boyd Holbrook) um mercenário caçador de mutantes que procura Laura (Dafne Keen), uma jovem rapariga que partilha de habilidades semelhantes às de Logan, mesmo quando se acreditava que nenhum mutante havia nascido nos últimos vinte e cinco anos.

domingo, 12 de março de 2017

Crítica: São Jorge . 2017


Este é o retrato da crise que Marco Martins decidiu mostrar. O retrato dos pobres que ficaram ainda mais pobres, dos bairros que no linear da pobreza continuam a passar muitas vezes despercebidos. São Jorge é o reflexo das consequências da crise, que muitas vezes incitam ilegalidade, marginalidade, violência, criando a instabilidade social e emocional de um país. Nuno Lopes está grandioso e interpreta aqui um personagem triste e frustrado, vivendo a angustia presente em muitas famílias afectadas pelo monstro económico.

Com a chegada da troika a Portugal em 2011, o numero de endividamentos aumentou astronomicamente. O recorrer aos créditos fáceis passou a ser um dos recursos mais utilizados para tentar sobreviver à crise instalada. Posto isto, surgem inúmeras agências que compram dividas e fazem de tudo para conseguir o retorno das mesmas. Jorge (Nuno Lopes) é um pugilista que lida com a realidade do desemprego, vivendo num bairro social, o que perante a sociedade não facilita nada as coisas. Ao lidar com a possível ida do filho Nelson (David Semedo) e da ex-mulher Susana (Mariana Nunes) para o Brasil, Jorge vê-se obrigado a procurar trabalho como cobrador de dívidas numa dessas agências, deparando-se com realidades semelhantes à sua, de indivíduos que como ele, tentam todos os dias sobreviver a um país na banca rota, na esperança que o dia seguinte seja melhor.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Critica: T2: Trainspotting . 2017


O regresso de Danny Boyle a Trainspotting era para mim uma incerteza. Mexer naquilo que é bom, é 90% das vezes má ideia, mas surpreendentemente, os quatro rebeldes saídos dos livros de Irvine Welsh, continuam mais interessantes que nunca, respeitando o legado do filme de culto, considerado dos mais vibrantes da década de 90.

Vinte anos após a fuga de Edimburgo, Mark Renton (Ewan McGregor) volta à terra Natal para se reencontrar com os amigos Spud (Ewen Bremner) e Simon (John Lee Miller). Apesar de se encontrarem em fases diferentes das suas vidas, o que os une e bem mais forte do que aquilo que os separa, e vêem-se obrigados a regressar atrás no tempo, algo nada fácil por todas as razões que conhecemos. Rapidamente percebemos que vida não foi propriamente generosa para com nenhum deles e inconscientemente ainda anseiam pela mudança e alegria de quando eram jovem. A cumprir uma sentença de vinte e cinco anos na prisão está Begbie (Robert Carlyle), que consegue escapar quando lhe é recusada liberdade condicional, e que assim que descobre que Mark está de volta à cidade, procura vingança.