quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Crítica: Miss Sloane - Uma Mulher de Armas (Miss Sloane) . 2016


A partir do minuto zero, Jessica Chastain olha-nos nos olhos e diz-nos que vai antecipar todas as nossas jogadas. O realizador John Madden (Shakespeare in Love, The Debt) nem sempre consegue esse objectivo, mas a força da personagem principal, ou não desse ela nome ao filme, arrasa por completo, isto pela positiva claro, com uma das mais poderosas interpretações femininas de 2016, que faz todas as imperfeições do enredo se tornem mais toleráveis.

Desde a cena de abertura, ficamos bem familiarizados com a determinação e dureza de Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), uma lobista de Washington, sem escrúpulos ou qualquer tipo de compaixão ao próximo, que tem o como objectivo no seu trabalho interferir directamente com as decisões do poder público e legislativo, tendo sempre em mente uma única coisa, vencer. A enorme sede de triunfar, faz com que Sloane tenha sempre mais uma carta na manga, não olhando a meios para atingir fins. Uma crítica feroz ao sistema corrupto no mundo da política, que foi sempre bem real, mas que se esconde por detrás dos interesses públicos e não passam na verdade de mentiras.

Aqui nem tudo é perfeito, e a forma frenética com que nos são apresentados os factos à mistura com a tremenda complexidade dos termos políticos e legais de todas as questões, deixam-nos um pouco perdidos até nos conseguirmos focar e inteirar de todos os acontecimentos. Mas assim que isso acontece, Miss Sloane transforma-se num interessante thriller politico que segue uma estrutura estimulante que nos intriga e prende até ao último segundo, ao mesmo tempo que somos hipnotizados pela fantástica e envolvente performance de Jessica Chastain, numa das melhores interpretações da sua carreira, mostrando mais uma vez o seu enorme talento para personagens emocionalmente ricos. Fugindo a alguns clichés, mas não sabendo fugir nada bem e outros, poderia ter apostado num final mais ambicioso e menos "bonito", mas que leva avante de forma determinante o significado e importância das suas questões. Uma boa edição e uma inquietante banda sonora também contribuem para o seu sucesso, num filme onde cada peça é elo de ligação entre a personagem principal e o mistério em torno dela, mistério esse que nunca fica esclarecido a cem por cento, acabando por ser esse um dos aspectos mais satisfatórios do filme, onde a nossa imaginação nos pode levar onde quisermos e algumas atitudes e visões da personagem nos deixam a pensar mesmo depois dos créditos começarem a rolar.

Miss Sloane pode não ser um dos mais perfeitos thrillers políticos que já vimos, mas é certamente um dos que deixará marca pela performance arrepiante de Jessica Chastain. Com um final um pouco diferente e uma quantidade mais pequena de detalhes desnecessários da política intelectual, tinha tudo para se transformar num dos mais fortes títulos desta temporada de prémios.

Classificação final: 4 estrelas em 5.
Data de Estreia: 12.01.2016

1 comentário:

  1. Eu gostei do filme Miss Sloane. Além de Jessica Chastain eu fiquei surpresa pelo Duglas Smith. Falar desse ator significa falar de uma grande atuação garantida, ele se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. O mesmo aconteceu com Nunca Diga Seu Nome um dos grandes filmes de Hollywood do gênero de terror. É uma historia boa que nos mantêm presos no sofá. Eu adorei.

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