domingo, 20 de novembro de 2016

Crítica: O Primeiro Encontro (Arrival) . 2016


Quando gostamos muito de um realizador, é um pouco difícil não criar certas expectativas. Denis Villeneuve decide agora apostar num género diferente do que tem feito, seguindo os passos de Interstellar ou Gravity, onde os sentimentos do ser humano são explorados, ao mesmo tempo que a imensidão de um universo, o futuro e as complexidades do desconhecido são abordadas.

Misteriosamente, naves espaciais alienígenas aparecem em vários sítios no planeta Terra. Nada se sabe sobre elas, o que contêm ou o porquê de terem aparecido e escolhido aquelas localizações especificas. Louise Banks (Amy Adams), professora de linguística é escolhida pelo exército americano, para fazer parte da equipa de investigação em campo devido a um trabalho de tradução de alta segurança que tinha feito em tempos para o governo. Também fazem parte da equipa o físico Ian Donnelly (Jeremy Renner) e o coronel Weber (Forest Whitaker), e todos estão focados na importância do primeiro encontro com os seres desconhecidos que comandam as naves e nas suas intenções. No inicio do filme, vemos imagens do passado de Louise e da filha, que morre na adolescência. No seu olhar sentimos o amor, a mágoa e a dor da perda de um filho, e sabemos que apesar do seu pesar, ela terá um papel definitivo e propositado nesta história, onde o passado e o futuro se ligam de forma fortíssima, e os aliens não só têm algo a transmitir como abrem caminho a várias teorias.

Facilmente consigo ver muita gente a não se identificar aparentemente com o que aqui vê, não por falta de intelecto mas apenas por levar esta história como mais um sci-fi sobre aliens que é apenas isso mesmo. O Primeiro Encontro contém em si muito mais que aquilo que aparenta, suscitando a nossa curiosidade cada vez mais à medida que vai avançando na sua narrativa criativa e que nos vai envolvendo nas suas emoções e situações inteligentemente exploradas através de metáforas, onde o poder das imagens é por vezes muito superior ao das palavras, algo já habitual na filmografia de Villeneuve. Amy Adams dá-nos uma interpretação fortíssima, com uma personagem que cria de imediato empatia connosco, demonstrando um lado misterioso e incompreendido que nos cativa e intriga ao mesmo tempo. Percebemos desde cedo que será ela a chave do sucesso deste filme, que tem muito de subtil e poderoso ao mesmo tempo. Tem o dom de nos tentar confundir algumas vezes, e isso que faz com que o impacto do twist final seja ainda melhor, revelando-se por vezes estranho, mas classifico essa estranheza como boa, ou não fosse ela intencional. É detentor de uma belíssima banda sonora da autoria de Jóhann Jóhannsson, que ajuda a determinar as intenções de cada momento, onde as mensagens sociais e as teorias são mais que muitas e nada têm de descabido. A verdade é que a esperança no ser humano se traduz usando a linguagem do sobrenatural e do desconhecido, de forma bastante efectiva e importante.

Denis Villeneuve é um dos melhores da actualidade, daqueles que nos deixa a pensar no que vimos dias a fio e esses são os bons filmes, os filmes que deixam a sua marca em nós. Será sem dúvida, dos mais interessantes deste ano.

Classificação final: 5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 10.11.2016

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