segunda-feira, 11 de abril de 2016

Crítica: 10 Cloverfield Lane . 2016


Não vou mentir dizendo que as minhas expectativas foram fáceis de controlar, porque não foram. A verdade é que mesmo ficando um pouco aquém do que imaginei, não saí de todo insatisfeita. 10 Cloverfield Lane, não prometeu nada que não conseguisse cumprir e é de facto capaz de nos colar ao ecrã desde o primeiro minuto, fazendo-nos viver um enigma constante.

Depois de ter discutido com o seu namorado, Michelle (Mary Elizabeth Winsted) decide viajar para algum destino que desconhecemos. A caminho, distraída com a chamada desesperada do namorado que lhe pede para voltar, Michelle tem um acidente, fica inconsciente e acorda num quarto de um bunker algemada a um tubo na parede. O homem que a sequestrou chama-se Howard (John Goodman) e alega que o que fez foi salvar-lhe a vida, visto que houve um ataque nuclear que dizimou grande parte da população naquela área. Com eles está também Emmett (John Gallagher Jr.) outro sobrevivente do ataque. Os três tentam ocupar os seus dias da melhor maneira possível, mas cada vez se torna mais difícil para Michelle aceitar o que realmente aconteceu consigo. Com o passar dos dias as desconfianças sobre as intenções de Howard tornam-se mais fortes e o pânico constante começa a apoderar-se da sua mente. O que será que se passa realmente no exterior?

O filme é apresentado como fazendo parte do franchise de Cloverfield de 2008, mas não se caracteriza nem como prequel nem como sequela, o que suscita ainda mais curiosidade no espectador. Alguns elementos comuns são a chave para o tornar mais interessante, obrigando-nos a imaginar várias possibilidades de ligação entre as duas histórias (quem não viu o primeiro não se preocupe que não sai prejudicado). É incrível como o nível de intensidade é tão elevado que nos mantém inquietos do inicio ao fim, já para não falar da atmosfera super claustrofóbica que nos dá a sensação de que também nós estamos presos lá dentro. Com um cenário magnifico, capaz de realmente nos transportar para dentro daquele bunker, as personagens ajudam a dar vida a um espaço absolutamente detalhado e cheio de pequenos mistérios, mistérios esses que fazemos questão de procurar desvendar. E aqui vem a parte que mais me intrigou no filme: a quantidade de pontas soltas. Elas resultam: sim. Elas chamam a atenção e fazem nos pensar em todas as respostas possíveis e imaginarias: sim, mas desde que consigamos olhar para ele como isso mesmo. Um filme inteligente que põe à prova capacidades físicas e psicológicas do ser humano e explora o medo da solidão e a paranóia, mas que não nos dá todas as respostas que queremos, muito em parte para nos deixar ansiosos pelo que está para vir. O seu ritmo frenético (especialmente na ultima meia hora de filme, com uma sequência final absolutamente fantástica), som e edição ajudam à experiência, já para não falar das excelentes interpretações por parte de Mary Elizabeth Winsted, que mostra que está mais que preparada para dar o salto dos indies para as grandes produções de Hollywood, John Goodman que demonstra mais uma vez que é um dos maiores actores da sua geração, e John Gallagher Jr. que também não desaponta.

10 Cloverfield Lane mostra muito bem que o género sci-fi está preparado para fazer coisas diferentes e tornar as experiências mais cativantes do que é costume ser feito dentro do estilo. É esperado haver sequelas, se foram tão boas quanto as anteriores, venham elas!

Classificação final: 4 estrelas em 5.
Data de Estreia: 07.04.2016

Sem comentários:

Enviar um comentário