quarta-feira, 9 de março de 2016

Crítica: Cavaleiro de Copas (Knight of Cups) . 2015


É certo que Terrence Malick não é um realizador fácil. É certo que os seus filmes não são nada fáceis de digerir, mas existe sempre algo que me empurra para as suas obras, por mais complexas e diferentes que sejam.

Em Los Angeles, Rick (Christian Bale) é extremamente bem sucedido na vida profissional, no entanto a sua vida pessoal parece ter cada vez menos sentido, dando por si a pensar no que realmente o move e motiva. Preso a alguns trágicos eventos passados, Rick tenta definir a sua existência passando por várias experiências tentando buscar o significado e verdadeiro propósito na sua vida. O casamento falhado com Nancy (Cate Blanchett), assim como relacionamentos que teve com outras mulheres, parecem reflectir as fases pelas quais Rick está a passar e é então que percorremos uma jornada através das suas vivências, como se de um baralho de tarot se trata-se. Cada momento, uma carta, um significado. Esses momentos, quase todos eles marcados pela presença de uma mulher diferente. A cidade de L.A. é retratada quase como cidade do desejo, onde tudo parece ao alcance do mais comum dos mortais, mas que mesmo com todo o sucesso do mundo, fica longe de alcançar a plenitude. E é isto que faz confusão em Cavaleiro de Copas.

É verdade que olho para o que Terrence Malick faz, como uma forma artística diferente de fazer cinema e de contar histórias. A forma única como escolhe fazer os seus filmes permanece na memória, mas a falta-lhe aqui a emotividade que não me conseguiu passar e que fez com que a experiência acaba-se prejudicada. Ficou-me a sensação que Malick está estagnado. A vontade de mostrar os mesmos temas vezes e vezes sem conta torna tudo mais monótono e vazio. Talvez até seja esse mesmo o seu verdadeiro propósito, e quem sabe, aquando de um eventual segundo visionamento do filme, terei a capacidade de olhar para ele com outros olhos. Por enquanto resta-me a frustração de querer ver exploradas outras coisas. Existem momentos visuais extremamente poderosos - não esquecendo aqui o grande trabalho de fotografia de Emmanuel Lubezki - que encaixam com grandes momentos de representação, porém, entre isto, fica um certo vazio, quando Malick parece querer complicar demais situações, reacções e emoções.

É certo que Terrence Malick continua fiel a si mesmo e isso acaba por ser o mais importante, quer se goste mais ou menos. Desta vez não fiquei muito convencida, mas tenho a certeza que quero ver o que ele nos trará a seguir.

Classificação final: 2,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 03.03.2016

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