quinta-feira, 28 de maio de 2015

Crítica: Slow West 2015


Para quem se considera cinéfila, não há razões aparentes para nunca ter explorado devidamente o estilo Western, mas o que é certo é se devem contar pelos dedos de uma mão a quantidade de filmes que vi do género. Slow West fez parte da selecção de filmes do Festival de Sundance deste ano e acabou por ganhar um dos prémios (o World Cinema Grand Jury Price: Dramatic), o elenco foi outro dos factores pelo qual me chamou a atenção e desde então ficou agendado na minha watchlist.

Este é um conto sobre Jay Cavendish (Kodi Smit-McPhee) de 16 anos e da sua jornada a cavalo pelo perigoso velho oeste, mas para o ajudar o destino cruzou no seu caminho o enigmático Silas Selleck (Michael Fassbender) um forasteiro a quem Jay paga para o proteger e ajudar a chegar até à sua amada Rose Ross (Caren Pistorius), quem ele considera ser o amor da sua vida. Pelo caminho (obviamente in western style) eles encontram índios e bandidos dispostos a tudo, um deles é Payne (Ben Mendelsohn, sempre interpretando papeis meio weird que lhe assentam que nem uma luva), fazendo-se acompanhar pelo seu grupo de caçadores de recompensas, já bem conhecidos de Silas. Não é fácil atravessar oeste e estes dois homens irão perceber durante a perigosa jornada, que apesar das aparentes diferenças entre eles, têm mais em comum do que possam pensar.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Crítica: Tomorrowland: Terra do Amanhã (Tomorrowland: A World Beyond) 2015


Brad Bird conhecido por ter realizado excelentes filmes de animação como The Incredibles ou Ratatouille traz agora ao grande ecrã a aventura de ficção cientifica Tomorrowland, baseada numa terra futurista que pode ser encontrada nos parques temáticos da Disney. A premissa parece bastante interessante - Frank e Casey viajam para um lugar algures no tempo e no espaço chamado Tomorrowland onde as suas acções afectam não só a si próprios, mas também o mundo - mas durante todo o filme por aqui nos ficamos e nada de muito especifico é apresentado acerca deste lugar especial.

Assim que o filme começa o personagem Frank (George Clooney) interage directamente com a camera e logo aí percebemos que iremos passar um bocado bem divertido, e a verdade é que durante todo o filme o interesse não se perde, mas no que toca à própria narrativa em si é que as coisas se tornam um pouco diferentes. Frank Walker (George Clooney) foi em tempos um menino prodígio que em 1964 entrou no mundo secreto de Tomorrowland (com a ajuda de uma perspicaz jovem) sendo mais tarde deportado de volta ao mundo real. Casey Newton (Britt Robertson) é a heroína da história, que graças a um misterioso pin, entra em Tomorrowland e tem a missão de salvar o mundo. Os dois irão juntar-se numa aventura que carrega consigo o peso daquilo que é a destruição ambiental e social da humanidade, algo que temos visto recorrentemente noutros filmes. A mensagem que passa é sem dúvida importante e nunca é demais lembrar, mas quer queiramos quer não, peca pela falta de originalidade.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Crítica: Pássaro Branco (White Bird in a Blizzard) 2014


Pássaro Branco é um melodrama realizado por Gregg Araki (Mysterious Skin, Kaboom) baseado no romance de Laura Kasischke com o mesmo nome. Esta história, passada em fim dos anos 80 princípios dos anos 90, segue alguns episódios da vida de Kat (Shailene Woodley) uma irreverente rapariga de 17 anos, cuja mãe uma amargurada dona de casa (Eva Green) desaparece misteriosamente. Mas o filme não se centra só nesta situação, revelando-se cedo numa mistura de despertar sexual na adolescência com crime/thriller, algo que acaba por não resultar muito bem devido à falta de equilíbrio entre os temas. A sua inércia e indiferença em relação à maior parte dos factos fazem com que esta adaptação se torne decepcionante. 

Entre flashbacks da vida monótona da frustrada dona de casa e do marido (Christopher Meloni), a sonhos esquisitos onde Eve (Eva Green) tenta comunicar com a filha, as cenas que exploram a vida sexual de Kat parecem estar um pouco deslocadas de tudo o resto. Estas devem-se ao facto de Kat achar que é muito mais feliz sem a mãe, tendo liberdade de experimentar o que quiser sem a sua supervisão. Kat não tem qualquer tipo de ligação com o pai, mas vê-se forçada a aproximar dele assim que a mãe desaparece - algo que também não consegue ser totalmente convincente. Os seus amigos mais próximos (Gabourney Sidibe e Mark Indelicato) nunca chegam a ser devidamente desenvolvidos e o seu namorado Phil (Shiloh Fernandez) parece só entrar na história realmente com um único propósito, que mais tarde iriamos descobrir.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Roger Ebert | Life Itself


Consegui - finalmente! - ver este incrível documentário sobre a vida profissional e pessoal do crítico de cinema Roger Ebert. Life Itself é algo absolutamente fascinante, principalmente para quem olha para o cinema com uma paixão enorme e gosto pela arte que ele irradia. Tocante não só para todos aqueles que gostam de cinema, mas também para todos os outros que nele podem observar a determinação, inspiração e força de vida que os pedaços da vida de Ebert nos mostram. A atitude de Ebert, fiel aos seus princípios, é algo de extraordinário e é engraçado como ao ver o documentário me consegui rever em algumas das afirmações e situações apresentadas. Num mundo onde (felizmente) há cada vez mais gente a "opinar" sobre esta grande arte, é importantíssimo que todos continuemos sempre com uma só coisa em mente. Passar aquilo que o cinema tem de melhor, sempre da melhor forma possível.

Este é um documentário bastante pessoal, mas onde se sente a todos os momentos a importância que o cinema sempre teve não só na sua vida, mas também na daqueles que o rodeavam. Para alguém como eu, que começou desde bem cedo a despertar interesse por cinema, documentários como este emocionam de forma especial. Ver tamanha dedicação e entrega ao cinema como forma de arte, e conectar-me com isso, faz-me aperceber ainda mais do quanto gosto de fazer isto. Falar sobre filmes, escrever sobre filmes, viver esses filmes, pois afinal de contas o cinema é e sempre será o espelho da vida.

"In the past 25 years I have probably seen 10,000 movies and reviewed 6,000 of them. I have forgoteen most of them, but I remember those worth remembering, and they are all on the same shelf in my mind." - Roger Ebert (1942-2013)

#twothumbsup

sábado, 16 de maio de 2015

Mad Max | A trilogia

   

Nascido na cidade de Chincilla, Austrália em 1945, George Miller o rapaz que estudou medicina e se apaixonou pelo mundo do cinema durante o último ano do curso, estaria longe de imaginar que as terras desoladas onde seguimos Max Rockatansky se tornariam algo de culto e seriam admiradas ao longo dos tempos, não só pelo público mas também por artistas e realizadores de grande nome, que ainda hoje se inspiram na sua obra.

Baseado no roteiro que George Miller escreveu em parceria com James McCausland em 1975, Miller teria a sua estreia como realizador em 1979 (agora também com Byron Kennedy abordo) com Mad Max que viria a tornar-se um sucesso internacional, dando origem às duas sequelas Mad Max 2: The Road Warrior e Mad Max: Beyond Thunderdome. Toda a criatividade e ênfase dado a este mundo apocalíptico, pós-apocalíptico e distopico abordando temas de grande importância social, marcou de imediato a sua carreira, gerando admiradores por toda a parte até aos dias de hoje. 

George Miller e Mel Gibson on set | Mad Max: The Road Warrior

terça-feira, 12 de maio de 2015

Crítica: Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road) 2015


Pleno esplendor, no mundo dos loucos! George Miller faz assim renascer de forma brilhante a magnífica distopia que criou há mais de 30 anos atrás. Com uma jovialidade imensa, narrativa inteligente com grande peso social e sequências de acção de se ficar de queixo caido, Mad Max: Estrada da Fúria é muito mais que um blockbuster é o ressurgir de uma trilogia de culto que nos deixa ansiosos por mais.

Sendo este o quarto filme da Trilogia Mad Max, não se pode dizer que Fury Road é uma sequela ou um reboot, mas sim mais um pedaço da jornada de Max Rockatansky (Tom Hardy, interpretado por Mel Gibson nos três filmes anteriores) num mundo pós-apocalíptico onde impera o totalitarismo que oprime toda uma sociedade. Cada vez mais atormentado pelas sombras do passado, Max sempre optando por seguir um caminho solitário pela sobrevivência, deixa-se cair nas garras do prepotente Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que interpretou Toecutter no primeiro filme Mad Max em 1979, aqui totalmente irreconhecível mas estranhamente familiar) acabando mais tarde por se ver envolvido numa fuga planeada pela Imperatriz Furiosa (Charlieza Theron). Completamente desvairado com a traição de Furiosa, Immortan Joe reúne o feroz e implacável bando de rebeldes naquela que será a mais impiedosa perseguição na estrada que Max já viveu.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Crítica: A Humilhação (The Humbling) 2014


Aqui está mais um exemplo de como uma excelente performance não consegue salvar a inconsistência e fraqueza de um argumento. A Humilhação é claramente o regresso de Al Pacino às grandiosas performances, num papel que inconscientemente ligamos de imediato à sua pessoa. Tal como em Birdman (e ao ver o filme é inevitável não fazer esta comparação) aqui seguimos um actor em gradual decadência na sua carreira e comparando os dois, ambos partilham semelhantes momentos e abordam algumas das mesmas questões, mas infelizmente A Humilhação não consegue entrar sequer no mesmo nível.

Realizado por Barry Levinson (vencedor do Óscar de Melhor Realizador em 1988 pelo filme Rain Man, que também ganhou Melhor Filme) e baseado no livro "The Humbling" de Philip Roth, o filme mostra a decadência do actor Simon Axler (Al Pacino), que luta contra o envelhecimento e as consequências do mesmo. Com princípios de demência e depois de institucionalizado logo após um acidente durante uma peça na Broadway, Axler regressa com um só pensamento - recuperar a sua antiga glória no mundo da representação. Até então o filme tem o lado negro e honesto de uma mente cheia de dúvidas existenciais que já não sabe distinguir ao certo a realidade do mundo irreal do seu trabalho, mas quando Pegeen (Greta Grewig) uma rapariga com menos de metade da sua idade entra em cena, tudo se transforma numa espécie de comédia meio neurótica e sem nexo. Ela é uma jovem lésbica que desde muito cedo tem uma grande obsessão por Axler e um romance estranho entre os dois nasce.

domingo, 3 de maio de 2015

Crítica: Vingadores: A Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron) 2015


Blockbusters, venham eles! E nada melhor para começar a "época" do que Vingadores: A Era de Ultron. Os Vingadores estão de volta e mais unidos do que nunca. Nesta nova aventura em conjunto, Ultron é a ameaça a abater, sem grandes surpresas e seguindo aquilo que a Marvel nos tem vindo a habituar, este é mais uma amostra daquilo que eles melhor sabem fazer - entreter.

A química entre todos os actores continuar a ser óptima, transparecendo ainda mais cumplicidade que no primeiro filme. O problema é que algumas das conexões com filmes anteriores parecem não fazer aqui muito sentido - e sem querer fazer spoiler - tanto a nível de alguns aspectos pessoais da vida de cada super-herói como de elementos de outros filmes, que aqui são completamente ignorados. Sabemos que Ultron quer acabar com o mundo e os Vingadores vão impedir isso, mas não entendemos realmente o porque dessas motivações.