sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Crítica: Quarto (Room) . 2015


«Exibido no LEFFEST '15»

O cinema tem o poder imenso de nos transportar para outros mundos e outras realidades. Consegue ter o poder de nos fazer felizes, tristes, e são grandiosos filmes como este, que por isso mesmo, nos tocam profundamente no coração. Realizado por Lenny Abrahamson (What Richard DidFrank) e baseado no romance de Emma Donoghue com o mesmo nome, Room é doce, devastador e capaz de estimular em nós inúmeros sentimentos.

Joy Newsome aka Ma (Brie Larson) e o seu filho Jack (Jacob Tremblay) de cinco anos, vivem em cativeiro na cabana de um jardim. Prisioneira de Old Nick (Sean Bridgers) desde os 17 anos, Joy educou e criou o filho dentro de um espaço mínimo, - por onde a luz passa, apenas através de uma pequena clarabóia - na verdade, o único mundo que Jack conhece. Todas as noites, o raptor visita a cabana para fornecer roupa e alimentos, e enquanto Jack dorme - dentro de pequeno armário - e viola Joy mais uma e outra vez. Desgastada física e mentalmente, ela faz de tudo para que o filho não perceba o verdadeiro porquê da situação em que vive, dando-lhe muito amor, num espaço onde as mais extraordinárias coisas acontecem aos olhos de Jack, pois a beleza do mundo existe porque a sua mãe faz com que esta aconteça, dentro dos horrores daquelas quatro paredes.


Mesmo durante os adoráveis momentos em que Jack descreve o seu mundo de "faz de conta", onde a inocência e espírito aventureiro dão força à sua mãe, a atmosfera hostil e claustrofóbica estão constantemente presentes. Brie Larson e o pequeno Jacob Tremblay fazem um trabalho notável, com performances absolutamente incríveis e comoventes, que nos fazem acreditar de verdade na terrível situação em que se encontram. A forma como vemos o que os rodeia é diferente de ambas as perspectivas. Aos olhos de Joy vemos a realidade, mas aos olhos de Jack todas as proporções são bem maiores. Uma das escolhas mais interessantes do filme, é o facto de se focar a 100% nos laços entre mãe e filho, sem nunca aprofundar muito Old Nick, deixando que o mistério e o suspense em torno deste monstro se torne irrelevante.

Sendo o filme composto por dois actos - um dentro e outro fora da cabana - os dois têm tons completamente diferentes. Enquanto o primeiro consegue ser mais arrebatador mas mágico, o segundo mostra que a reinserção dos dois no mundo actual vai ser um grande desafio, talvez até maior para Joy do que para o pequeno Jack. Um belíssimo conto sobre a sobrevivência e amor verdadeiro de uma mãe e de um filho, cujo afecto tem dimensões muito para além de qualquer ínfimo espaço.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

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4 comentários:

  1. Respostas
    1. Ainda bem que gostaste ;) Vai deixando a opinião à medida que vais vendo estes filmes "oscars" mais falados ultimamente, para saber o que achas!

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    2. Por norma sempre que vejo um filme (recente) que já tenhas visto venho sempre aqui deixar um bitaite :)

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