quinta-feira, 2 de julho de 2015

Crítica: Vai Seguir-te (It Follows) . 2014


O terror não é dos géneros em que me sinto mais a vontade. Para além de ser o que vejo menos, é difícil sentir-me surpreendida e satisfeita cada vez que aparece um "novo" filme dentro do género. E se hoje em dia a originalidade já é difícil de encontrar, acho que é ainda mais complicado quando se trata de terror em particular. Mas o uso de ideias similares vezes e vezes sem conta ao longo do tempo, acabam por fazer com que filmes como It Follows se tornem bastante especiais.

Desde o inicio do filme que percebemos que estamos prestes a assistir a algo extremamente envolvente e misterioso. Uma rapariga corre desesperadamente pelas ruas do seu bairro, como se alguém que não conseguíssemos ver a perseguisse. Entra no seu carro e em tamanha aflição vai até uma praia, onde sozinha e em autêntica agonia faz aquele que seria o último telefonema da sua vida. Na manhã seguinte está morta, deixando no ar o feeling de que outros estão para morrer e rapidamente conhecemos a jovem Jay (Maika Monroe) que depois de ter relações com um rapaz que conheceu à relativamente pouco tempo, vê a sua vida transformada num autêntico inferno.


O realizador e argumentista David Robert Mitchell, faz aqui uma clarissíma homenagem aos filmes de terror dos anos 70 e 80 onde a atmosfera envolvente acaba também por provocar a reacção pretendida ao espectador, que conta não só com uma experiência visual sombria, mas também com algo bem mais psicológico e perturbador. Mitchell segue uma linha similar à do realizador John Carpeter, particularmente àquilo que este fez em Halloween, fazem-nos constantemente sentir que o medo está à espreita, usando essa atmosfera super sombria, envolvente misturada com uma banda sonora electrónica (também bastante similar àquela que ouvimos em Halloween) brincando com as nossas emoções sem nunca revelar demasiado, conquistando as informações somente quando necessário.

O mais interessante acerca de todo o filme são as mensagens que podemos retirar dele, nomeadamente a metáfora utilizada para simbolizar os perigos das doenças sexualmente transmissíveis. Outro dos factos que o torna pertinente é o facto de mal vermos adultos durante todo o filme, e quando os vemos eles não interferem na acção nem se pronunciam sobre nada, o que dá um olhar ainda mais intrigante ao filme, que é apenas visto sob a perspectiva dos adolescentes, que servirá também para demonstrar a autonomia dos jovens de hoje em dia e a ausência que muitos pais têm na vida dos seus filhos.

As performances do jovem elenco são dignas de reconhecimento. Actores ainda desconhecidos do grande público mas que demonstram aqui que poderão ter um bom futuro à sua frente, especialmente a novata mas muito talentosa Maika Monroe convencendo bastante com uma performance paranóica que transparece medo a cada momento, mesmo que seja só através de um pequeno olhar. Outra das personagens mais interessantes do filme é Yara (Olivia Luccardi), mais importante daquilo que possamos imaginar, tendo pequenos apontamentos que à primeira vista podem parecer deslocados das situações, mas são mais inteligentes que aquilo que podemos pensar. 

It Follows é um filme muito refrescante e inteligente, que certamente vos deixará a pensar nas diferentes teorias que podemos retirar dele o que nos levará a imaginar diferentes cenários e situações que poderiam ser exploradas e utilizadas de várias formas numa possível sequela.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

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