quinta-feira, 7 de maio de 2015

Crítica: A Humilhação (The Humbling) 2014


Aqui está mais um exemplo de como uma excelente performance não consegue salvar a inconsistência e fraqueza de um argumento. A Humilhação é claramente o regresso de Al Pacino às grandiosas performances, num papel que inconscientemente ligamos de imediato à sua pessoa. Tal como em Birdman (e ao ver o filme é inevitável não fazer esta comparação) aqui seguimos um actor em gradual decadência na sua carreira e comparando os dois, ambos partilham semelhantes momentos e abordam algumas das mesmas questões, mas infelizmente A Humilhação não consegue entrar sequer no mesmo nível.

Realizado por Barry Levinson (vencedor do Óscar de Melhor Realizador em 1988 pelo filme Rain Man, que também ganhou Melhor Filme) e baseado no livro "The Humbling" de Philip Roth, o filme mostra a decadência do actor Simon Axler (Al Pacino), que luta contra o envelhecimento e as consequências do mesmo. Com princípios de demência e depois de institucionalizado logo após um acidente durante uma peça na Broadway, Axler regressa com um só pensamento - recuperar a sua antiga glória no mundo da representação. Até então o filme tem o lado negro e honesto de uma mente cheia de dúvidas existenciais que já não sabe distinguir ao certo a realidade do mundo irreal do seu trabalho, mas quando Pegeen (Greta Grewig) uma rapariga com menos de metade da sua idade entra em cena, tudo se transforma numa espécie de comédia meio neurótica e sem nexo. Ela é uma jovem lésbica que desde muito cedo tem uma grande obsessão por Axler e um romance estranho entre os dois nasce.

Um dos problemas do filme é o facto de ao tentar mostrar um lado demasiado filosófico e de introspecção, se torne confuso demais, com momentos difíceis de perceber o significado ou até de distinguir entre realidade ou fantasia. Isto também pode ser exactamente o seu  propósito, mas pessoalmente enquanto espectadora não me consegui conectar com esses momentos. Outra das suas grandes falhas é o facto de não saber aproveitar o talento de actores secundários maravilhosos como é o caso de Dianne Wiest e Charles Grodin

A Humilhação resulta muito bem no que toca à performance brilhante e intimista de Al Pacino representando um homem fragmentado pelo tempo - quase em jeito de autobiografia - mas quase tudo o resto se torna difícil de definir. Venham mais papeis destes, pois independentemente da idade, este senhor ainda tem muito para nos dar.

Classificação final: 2 estrelas em 5.
Data de Estreia: 07-05-2015

Sem comentários:

Enviar um comentário