quinta-feira, 26 de março de 2015

Crítica: As Vozes (The Voices) 2014


É bastante raro quando um filme consegue ser bem sucedido misturando imensos estilos diferentes numa história só. O que é curioso acerca de As Vozes é que essas misturas aparentemente estrambolicas resultam na perfeição. O filme tem a capacidade de ser divertido e encantador, mas ao mesmo tempo obscuro e surreal, e o facto de misturar a ficção com um assunto sério como a esquizofrenia, faz com que se torne ainda mais interessante.

Jerry (Ryan Reynolds) trabalha numa fabrica de banheiras de uma cidade pequena e acaba de sair de uma instituição psiquiatrica. Ele é aparentemente um rapaz pacato e muito educado, mas todos desconhecem a sua condição e nem desconfiam que é seguido por uma terapeuta (Jacki Weaver) que o tenta orientar nesta nova fase da sua vida.
Ele tem um fraquinho por uma colega de trabalho (Gemma Artenton), mas é afinal outra das suas colegas (Anna Kendrick) que realmente gosta dele. No meio disto tudo estão o adorável Bosco e malvado Mr. Whisker, um cão e um gato que falam com Jerry, sendo estes dois basicamente "as vozes" que comandam o que ele deve ou não fazer no seu dia-a-dia.

Ryan Reynolds tem aqui uma magnifica performance de grande destaque. Ele consegue interpretar de forma efectiva a mente de um psicopata, mas consegue faze-lo de forma a que a audiência se conecte com ele. Todas as performances conseguem explorar várias as emoções pretendidas, passando pela alegria e diversão até aos momentos de maior tensão, medo e violência. As cenas com o cão e o gato - que aqui representam a consciencia boa e a consciência má de Jerry - são dos mais divertidos, merito também de Reynolds que interpreta a voz de cada um deles.

Um dos aspectos mais curiosos do filme é o facto de o vermos através de duas perspectivas diferentes. Quando vemos o mundo através dos olhos de Jerry, vemos a beleza e serenidade que ele aparenta ter no seu estado de espiríto, aquilo que ele realmente desejava ser se não tivesse os seus impulsos de maldade. Mas quando vemos o mundo através dos olhos dos outros personagens a coisa já não é bem assim, e o mundo que Jerry nos apresenta é afinal o retrato de uma vida angustiada e emocionalmente perturbada, realidade da sua doença mental.

As Vozes passa por ser acima de tudo um retrato daquilo que é a doença mental, com nuances humor negro e terror com muito sangue à mistura. Enquanto nos divertimos a assisti-lo e soltamos algumas gargalhadas, não nos esquecemos que também passa a forte mensagem de dor e sofrimento de quem lida com algum tipo de doença mental.

Data de Estreia: 26-03-2015


Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

5 comentários:

  1. Estava procurando uma critica desse filme. Muito bom. Adoro o Ryan e o acho injustiçado

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    1. Por ser bastante injustiçado, é que acho que só agora é que comecei realmente a reparar que ele é de facto um bom actor. Tem uma grande performance neste filme. Ainda bem que também gostaste :)

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  2. Filme é péssimo.os fatos são encarados com naturalidade e blasfema contra Jesus Cristo e Deus....mas retrata muito bem os valores distorcidos que vivemos hoje no mundo.

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  3. Tinha uma lembrança do Reynolds sempre ligada a filmes do tipo heróis ou comédia romântica. Por isso pensei que só fosse mais um filme bobinho. E a cada cena fui percebendo que era um filme estilo independente,baixo orçamento, mas uma ótima atuação de Reynolds e uma forma honesta de falar sobre esquizofrenia e psicose a partir do olhar e vivência do doente. Mostra a luta para ser como os outros ao passo que não suportava sua realidade interna.

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    1. Concordo! É um bom retrato de uma realidade existente. E Reynolds surpreende com uma boa performance.

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