quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Crítica: Gone Girl (Em Parte Incerta) 2014


Data de Estreia: 02-10-2014

Gone Girl (Em Parte Incerta), a adaptação por David Fincher do best-seller de 2012 de Gillian Flynn ao grande ecrã seria provavelmente um dos filmes mais esperados do ano. Depois do muito aclamado livro com criticas excelentes por parte dos leitores, as expectativas eram elevadíssimas e tendo em conta o nome do realizador ainda mais. Gillian Flynn é também quem escreveu o screenplay do filme, portanto seria esperado que se mantém bastante fiel ao livro.

Nick Dunne (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike) estão casados à cinco anos. No dia do seu 5º aniversário de casamento Amy desaparece.  Rapidamente Nick torna-se o principal suspeito no envolvimento do seu desaparecimento ou até possível morte, mas Gone Girl é muito mais que isso. Não passa apenas por uma investigação criminal, estuda vários tipos de características do ser humano e até onde ele é capaz de ir em busca dos seus objectivos.

Andando para trás e para a frente entre a investigação policial no presente, e flashbacks da própria Amy, onde vemos cenas do passado enquanto ela narra algumas das coisas que escrevia num diário, seguimos todos os passos desde que os dois se conheceram, aquilo que o casamento entre os dois personagens era e aquilo em que se tornou. E a partir daqui nada mais há a dizer, pois iria retirar o impacto que a história tem sobre o espectador.

“Todos sabemos que o casamento não é coisa fácil” todos já ouvimos esta frase antes e estas são mais uma vez palavras mencionadas neste filme. Quando os casais caiem na rotina, e quando os problemas matrimoniais do costume começam a aparecer há que ter capacidade para superar os obstáculos. Mas por vezes isso não é tarefa fácil e o que esta história conta é o retracto do casamento aparentemente perfeito, que acaba por cair no caminho da mentira, traição, abuso e engano.

O estudo de cada personagem é bastante interessante. Fincher e Flynn fizeram-no de forma absolutamente cativante, e na história conseguimos encontrar inúmeros tipos de personalidades. Na primeira hora de filme é utilizado bastante humor negro, especialmente no que toca ao personagem Nick, enquanto na segunda parte as coisas mudam de tom ficando cada vez mais assustadoras com o desenrolar da brilhante história, tudo sempre de braço dado com uma tenebrosa e não menos brilhante banda sonora.

A relação com os Media e o efeito que eles têm sobre a sociedade é abordado de forma muito inteligente, até porque realmente é assim que tudo funciona. A Comunicação Social influência muito aquilo que a sociedade em geral pode pensar sobre algum tema ou alguma pessoa em particular, manipulando a audiência como querem.

Ben Affleck interpreta um tipo aparentemente descontraído demais, uma performance simples que não exige muito dele mas que ele fez com que resultasse bastante bem. A estrela do filme é sem dúvida Rosamund Pike, numa performance digna de muitas nomeações! Ela é absolutamente fascinante, envolvente e consegue ser (muitas vezes) bastante assustadora. Uma actriz que depois deste papel merece com certeza papeis de mais destaque, pois até agora tem tido uma carreira mais recatada sempre em papeis secundários. Aqui ela mostra todo o potencial que tem para poder interpretar vários tipos de papeis. Nada a apontar a todo o elenco secundário. Neil Patrick Harris, como o ex-namorado obsessivo de Amy, foge aqui ao registo que tem feito durante os últimos anos, sempre muito colado à comédia, aqui ele consegue convencer o público com a sua boa prestação dramática. Carrie Coon, como irmã gémea de Nick, muito divertida, é ela que nos proporciona algumas das risadas sarcásticas que damos ao longo do filme. Tyler Perry, outro actor também muito associado à comédia, é aqui o advogado de Nick num papel que lhe assentou que nem uma luva. Por último mas não menos importante Kim Dickens também muito boa como a detective encarregue da investigação do desaparecimento de Amy. Um elenco que faz um óptimo trabalho suportando toda a intrigante história.

A atmosfera sombria e envolvente a que David Fincher já nos habituou nos seus outros filmes, continua a estar presente neste. É impossível descolar o olhar do ecrã nem por um segundo e todo o ambiente cativante e misterioso arrasta-nos para dentro da investigação, colocando toda a audiência a tentar desvendar todos os segredos entre Amy e Nick. 

Apesar das suas 2 horas e 30 minutos de duração, Gone Girl nunca faz perder o interesse e o tempo passa a voar. É capaz de nos fazer sorrir e assustar ao mesmo tempo. É um dos melhores, mais sombrios e diabólicos filmes sobre relações conjugais já alguma vez visto. Até onde é capaz de ir o discernimento e estado mental do ser humano? Seremos nós capazes de tudo para conseguir aquilo que queremos? E até onde pode ir a maldade de um ser humano em prol dos seus caprichos?

Simplesmente imperdível.







Classificação final: 5 estrelas em 5.

Sem comentários:

Enviar um comentário